Teatro para o Dia das Mães - de Emílio Carlos
PERSONAGENS:
- Mãe
- Julinho
- Raquel
- Paulinho
- Narrador
(Entra a Mãe, espanando a casa, roupa de faxina)
NARRADOR - Mãe é outra coisa. Mãe manda a gente tomar banho...
MÃE – Julinho, vai tomar banho.
(Entra Julinho, roupa suja do jogo de futebol)
JULINHO – Ah manhê! Deixa eu ver TV...
MÃE – (mais enfática) Vai tomar banho!
JULINHO – Mas mãe... (tira os tênis e deixa no caminho)
MÃE – (vai com o espanador pra cima dele) Xô, xô, xô...
JULINHO – (sai) Ai, ai.
NARRADOR - ... e a gente vai. Depois chama a gente de volta.
MÃE – (vê os tênis) Julinho! Volte aqui nesse momento!
JULINHO – (voltando) Peraí: é pra ir ou pra voltar.
MÃE – Era pra ir. Mas agora é pra voltar. O que que é isso aqui?
(aponta os tênis)
JULINHO – Meus tênis, mãe.
MÃE – Cata.
JULINHO – (faz manha) Ô mãe. Eu tô com dor nas costas de tanto jogar bola.
MÃE – Cata.
JULINHO – E se eu não quiser?
MÃE – (pega-o pela orelha) Cata do mesmo jeito.
JULINHO – Ai, ui, ai. Tá bom, mãe. (pega o tênis) Mais alguma coisa, madame?
MÃE – Banho!
JULINHO – Tá bom...
MÃE – E não use esse tom comigo, mocinho.
JULINHO – (saindo) Falô, véia...
MÃE – Véia é o seu passado, cara de pastel.
NARRADOR – Mãe pega a gente no flagrante.
(Entra Raquel cantarolando, toda arrumada pra sair)
RAQUEL – (música a escolher)
MÃE – Posso saber onde a senhorita vai?
RAQUEL – Pô mãe: vou na balada.
MÃE – Sexta-feira à noite?
RAQUEL – É, por que?
MÃE – Por causa da escola.
RAQUEL – Ah, mãe: Sexta-feira é feriado.
MÃE – Sério? Em qual calendário?
RAQUEL – No meu.
MÃE – Pois no meu não é. Já pra aula mocinha.
RAQUEL – Ah, mãe.
MÃE – E tira essas coisas daqui (tira a bolsinha dela e mais um enfeite de cabelo espalhafatoso) .
RAQUEL – Ai, ai.
MÃE – Uniforme, força!
RAQUEL – Puxa vida, viu? Eu não posso fazer o que eu quero...
MÃE – Pode sim.
RAQUEL – Sério?
MÃE – Claro: quando você for casada e tiver seus filhos. Agora xô!
(Raquel sai cantarolando trecho da escrava Isaura)
NARRADOR – Mãe sabe de tudo.
(Entra Paulinho, meio mancando, com o boné tapando um dos olhos, mas tentando disfarçar. A mãe só olha).
MÃE – O que aconteceu?
PAULINHO – Nada não, mãe.
MÃE – Fala.
PAULINHO – Falar o que?
MÃE – O que aconteceu.
PAULINHO – Pisei em falso, só isso.
MÃE – E o olho?
PAULINHO – Nova moda. Boné nos zóio.
MÃE – Ah, boné nos "zóio". Deixa eu ver.
PAULINHO – (tenta se esquivar) Não tem nada pra ver.
MÃE – Eu te conheço desde antes de você nascer, menino. Deixa eu ver.
PAULINHO – Ah, mãe...
NARRADOR – Não adianta mentir. É verdade: ela te conhece antes de você nascer.
MÃE – Deixa eu ver isso aqui. (tira o boné = aparece um olho roxo) O que que é isso, meu filho?
PAULINHO – Bati no portão de casa.
MÃE – (examinando o olho) Sei. E o portão tem nome: Tonhão.
PAULINHO – Como é que você sabe?
MÃE – Eu te falei, meu filho: deixa a namorada do cara em paz. Mas você me ouviu? Não. Vamos lá pra dentro botar um remedinho.
(vão saindo)
PAULINHO – Ô mãe: eu não sou mais criança.
NARRADOR – Correção: pras mães a gente sempre vai ser criança. No começo a gente estranha, mas depois acostuma. Porque no fim, fala a verdade: ter uma mãe por perto é coisa boa toda vida.
(Entra a mãe e Julinho atrás, com uma meia rasgada na mão)
JULINHO – Ô mãe: costura minha meia. (se aproxima da mãe)
(volta Paulinho)
PAULINHO – Ô mãe: aqui também tá machucado (ergue a perna da bermuda e o joelho tá todo ralado. Se aproxima da mãe).
(Entra Raquel e vai chorar no ombro da mãe)
RAQUEL – Mãe: o Flávio terminou comigo...
(Os três ficam bem juntos dela e ela abraça os 3)
NARRADOR – Por isso, se você ainda tem mãe, dê um abraço nela hoje.
Escute mais sua mãe. Porque você não sabe até quando ela vai estar por aqui.
Os Três – Feliz dia das Mães! (beijam a mãe)
(Música Final)
- F i m -
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